domingo, 16 de setembro de 2007

Matematica( )mente...(de quantos dias será este ano?)

Clock losing numbers, Martin Paul


O início do ano passou
num sopro,
e num breve piscar de olhos
foram-se o revéillon,
o carnaval, o dia do padroeiro da cidade,
março passou num turbilhão...

Faça as contas,
quem responde?

Quantos dias decorridos
do começo do ano até agora,
exatamente?

De quantos dias será este ano,
contando desde esta hora,
matematicamente?

Mas cuidado, matemática
mente,
pois sendo exata ciência,
não considera os dias comemorativos,
os feriados prolongados,
os dias santos e os profanos
do seu coração...

Refiro-me àqueles dias, ímpares
de sua existência,
que não estão marcados nas páginas
dos calendários em vermelho,
progressivamente.

Àqueles dias, que não cabem
dentro das vinte e quatro horas,
daquelas horas e minutos que extrapolam
os sessenta minutos e segundos
estabelecidos pelos relógios,
matematicamente.

Aos segundos inesquecíveis,
que duram eternamente, em que
te descobres apaixonado

Aos minutos imaculados,
que duram por toda a vida, em que
beijas os lábios amados

Àqueles dias em que o Sol
se levanta e se põe mais cedo, mas
continuas ainda no cais,
na cama, no lago, a vagar


De quantos destes momentos será o seu ano?
de quantos destes beijos, destas paixões,
destes desejos?

De quantos destes instantes será o seu ano?
de quantos destes amores, destes gozos,
destas flores?

Faça as contas,
de quanto destes dias será o seu ano?
De quantos destes anos será sua vida?

Depende de você.
És barco à deriva, movendo-se
na superfície, ao sabor do vento?
Ainda que tarde,
pega os remos de tua embarcação
e dá o rumo desejado à sua vida

Faça as contas. E calcule,
matematicamente, o risco
e a graça de viver a vida
incondicionalmente...
...
..
.
P.s.: Estou participando da terceira edição do Coletânia Artesanal, ao lado de muita gente boa... Participo com o poema "O tolo motivo da rosa" postado aqui em Novembro do ano passado. O convite foi da Lunna Guedes, organizadora deste blog que reúne quizenalmente, textos de diversos autores, tão díspares quanto talentosos. Vale a pena conferir.

19 comentários:

Claudinha ੴ disse...

Olá Adão! O tempo...Sempre acreditei que somos donos dele, mas ele nos engana muitas vezes... Como aquela em que nos deparamos com um estranho ao olhar no espelho...Lindo seu poema!
Já agradeci no orkut, mas vim deixar aqui o meu agradecimento pelo selo oferecido, ele está no meu blog e eu fiquei muito feliz! Obrigada!Beijo!

Anônimo disse...

Adão:
Dita em um poema fica muito melhor, mas é verdade que os dias especiais deveriam ser contados em dobro, em triplo. Então, a matemática, simplesmente, não serviria para determinar quantos dias se passaram e quantos ainda faltam.

Eliana Tavares disse...

Queria que todos os meus dias tivessem momentos de paixão! E eles têm, ainda que muitos apenas na minha mente!
Beijos

Van disse...

Querido,
Indiquei você pro concurso Caneta de Ouro com o poema O SETE. Aceita?
Diz que siiiiiiiim.
Boa sorte, baby.
Beijuca

Fernanda Passos disse...

Belíssimo.
Nunca é tarde para conduzirmos nossa vida e trilhar seus caminhos livremente,incondicionalmente.
Um beijo.

Rossana disse...

Ah.. começar a semana com um presente desses é fantástico!!
Parabéns mestre das palavras.
Como sou uma apixonada por mim mesma, meus dias são triplicados e meu calendário é enorme.. matematicaMENTE, eu diria que são dias incontáveis...

Beijos

Naeno disse...

Lindo poema. Este também seria um forte candidato. Matematicamente falando, quer dizer, estou mentindo?

Um abraço meu irmão
Saudades
Naeno

Anônimo disse...

Adao,
Como dois e dois, certamente vc e DEZ!!!!
Adoro este texto seu, de quantos dias destes tem sido o seu ano???


bjs, Léa

Anônimo disse...

Tens razão: são de inestimável valor estes dias especiais que valem por um ano inteiro, uma vida inteira!
Seu texto é preciso e belo.

Anônimo disse...

Oi Adão:

Eu sou irmã da Bia, gostei muito de teus escritos, plenos de beleza e sensibilidade. Muito bem!

Voltarei mais vezes com certeza!
abraços

Anônimo disse...

É mesmo, Adão. A vida só tem graça quando vivida incondicionalmente.
Pena que as vezes nos esquecemos e então os dias ficam todos iguais...
:(

Bjs,
Ana

Lidiane disse...

Adon.

Como na matemática, a vida tem respostas múltiplas para nossos desejos.
No amor, não é diferente.
Mas esse é um cálculo com muitas incógnitas. Difícil mesmo é saber como resolver.

Muitos beijos pra você.

Fernanda Passos disse...

Passando em busca de novos textos. Aproveito e deixo um grande abraço.

Anônimo disse...

A vida é mesmo uma equação inexata em que sempre confundimos as incógnitas...
Mas os dias especiais, estes são inesquecíveis...
Lindo este poema...
Bjs,
Cris

Anônimo disse...

A matemática mente, o tempo ilude, o coração engana. Mesmo assim, seguimos dançando esta dança infinita que se chama vida!
Você me inspirou, poeta!

beijo
Bia

Anônimo disse...

"de quantos destes amores, destes gozos,destas flores?"
Eu respondo, Adão: para mim, serão momentos infinitos.

bjs

Van disse...

Flehr,
Acho que fiz besteira quanto ao concurso... Deveria ter indicado esse poema!!!! É lindo!

Droga! Tem que ter outro concurso rapidinho!

Beijuca

Sheherazade disse...

Oi, Adão!
É por isso que eu reverencio os poetas. Só eles conseguem fazer o que fizeste: Descobrir que a matemática, longe de ser exata,Ás vezes, mente. Esses momentos são hiatos no tempo e só têm registro no relógio da nossa memória. Lindo, lindo, lindo!!!
Beijossssss

Anônimo disse...

Adão,
Como dizia Einstein -"passado, presente e futuro são ilusão"- matematicamente meus dias tem sido restritos, enfadonhos...outros libertos, vividos, infinitos, inesqueciveis.
Beijos

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