sexta-feira, 17 de março de 2006

A flor do pântano

Nasceste. Não sabes como
nem por quê.

E perguntas ao vazio,
sem respostas.

Onde? tu mesmo respondes.

Rompeste o solo do interior de lúgubre
pântano. Venceste.
E agora?

Pequena flor pálida e frágil, destoas de todas as congêneres
deste lugar.
És a melhor daí?

Tens o sopro das noites e o calor dos dias.
ouves o canto dos pássaros e o rugido dos animais.
Um rasgo de sol, uma nesga de chuva a fará crescer.
Para quê?

A vida pulsa.
E o teu caule, e as tuas raízes e folhas
insistem em crescer
e agora, o que farás?

Te libertarás de teu invólucro,
passeará alhures,
conhecerás jardins,
farás amizades,
trocarás idéias?

Pensarás livremente,
desejarás ardentemente,
sonharás intensamente,
amarás incondicionalmente?

Ou te prenderás à solidez de
tuas raízes, alegarás medo ante a ameaça de extinção,
caso abandones o solo.

Te lamentarás em choro incessante
a suposta imobilidade,
onde estacionas?

Negarás o ambiente ao seu redor,
maldirás seu nascedouro,
supondo virtude ou superioridade em sua
imaculada palidez?
Serias a melhor daí?

A vida pulsa.
E sentes a falência de tuas forças,
a decrepitude de teu invólucro
chegar.
Por que viveste?

A vida pulsa. Sempre.
Nasceste flor pálida em
lúgubre Pântano,
e ignoras a chance de amar
e ser amada, exteriorizar-se,
libertar-se,
interagir com o próximo
e florescer...
Procriar. Deixar um pouco de ti
no solo inerte. Semente.
Legado ignoto de amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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