
Ainda lembro de um tempo
perdido,
no quintal da memória
esquecido,
enquanto nossas vidas
quaravam ao sol,
éramos tão jovens
e os dias tão longos
e no ponto mais alto da rua
subíamos e olhávamos
para o céu,
procurando entreter o sol,
esticar o dia,
soprar as nuvens
de seus cachos dourados,
projetar nas pipas
os nossos sonhos,
o amanhã estava
bem em frente aos olhos
que abríamos e fechávamos,
tentando adivinhar:
o que sobrou do céu?
E sem percebermos, tudo
girou tão rápido,
e já não éramos mais
os mesmos,
dançando ali
sem qualquer entreato,
sem ritmo,
num passo feroz e fugaz,
como foi que nos perdemos?
e deixamos de olhar
para o céu que vazou,
deixando as estrelas caíram,
as nuvens dispersarem
e os nossos sonhos
se confundirem
com a urgência cotidiana
e o amanhã perguntava
ansioso sem lograr
a mesma resposta
que olvidamos questionar:
o que sobrou do céu?
Agora restamos
apartados
de tudo o que fazia
sentido,
Estamos sós,
acompanhados
de íntimos desconhecidos
não temos mais
o viço do tempo,
nem o frescor do dia,
somos do conteúdo
a embalagem,
da essência antiga
o vago aroma,
somos o somatório
de tudo o que poderíamos
ter sido
e nem me lembro mais
de como nos conhecemos
e se realmente entre tantos,
fomos dois,
Eu já não pergunto mais
pelo amanhã
ou por depois,
Eu já não espero mais
por mim mesmo ou
por nós,
E talvez dois olhos redondos,
brilhantes e pueris,
e um sorriso de criança
para mim sejam tudo
o que sobrou do céu...
...
Este texto foi inspirado pelo título de uma canção que eu adoro. Este título ficou ecoando em minha cabeça, e esta é minha resposta para a questão: O que sobrou do céu? (composição: Yuka/ O Rappa)
...
18 comentários:
Bela foto! De uma beleza triste, mas bela!
Nunca vai faltar céu pra gente como você.
E além dele, estrelas.
Vez ou outra, o inferno.
Quem sabe, um cantinho para a gente ser feliz?
bjs / Léa
Eliana, Lidiane, Dom e Léa obrigado pelas visitas!
É sempre bom tê-los aqui.
Contudo, devido a uma "falha técnica" minha, vcs comentaram neste post ainda incompleto, sem o texto! Desculpem-me!
O lado bom da coisa: constatar que mesmo sem texto eu tenho o carinho de vcs!! (rssssss)
Beijos e um pedaço do céu...
Risos.
Agora comento o texto.
Veja a vantagem embutida aí: dois comentários pra um post só.
Nhé, nhé!
:P
Se antes falei do "além-céu", falo agora dos olhos pueris.
Há quem tenha nossa idade somada e mesmo assim, olhos de criança.
Se os seus, que nunca vi, não são assim, ainda podem ficar, Adão.
Não é o que merecemos todos?
Beijoca.
Adão,
Eu amo esta música! e amei o seu poema também! triste mas belo.
Beijinhos,
Cris
Adão, muito lindo o seu texto, apesar de triste. Não percas a esperança, sempre podermos criar o nosso céu, o céu possível.
Boa semana.
Bjos.
Caríssimo,
Punjente o seu poema, me fez viajar através do tempo e recordar o passado também...
Sempre sobra um pouco de tudo, quem sabe do céu sobrou um cantinho azul, com uma nuvenzinha macia? rsrsrsrs
Forte abraço,
Querido,
A-D-O-R-E-I!!! Valeu a pena mesmo voltar aqui. Aliás sempre vale!
bjs / Léa
Adão,
Bela imagem, belo poema, reflexivo e profundo. Tens uma sensibilidade única. Mereces tudo de bom do céu.
Beijo,
Nossa, q profundo.
Texto e imagem perfeitos!
Reflexões assim sempre fazem bem.
Brigada pela força!
Beijos
Lindo, lindo! No fim das contas, sobra um pouco do amor que se amou!
beijos,
Beleza de texto adão, li e reli várias vezes.
Quero mais, viu?
Bjs,
Amigo Adão,
Será esta uma reflexão pós-eleições??? Deste céu, sobrou bem pouco para nós!!!!! rsrss...
É sempre bom fazer um "inventário de emoções". Belos sentimentos, os seus.
Beijos,
Lorena
Que ótimo, Adão! Porque eu não sei o que restou...
É ma-ra-vi-lho-so ler tudo isto em VOZ ALTA. Dá vontade de repetir e repetir, até soar como uma canção.
B-jos.
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