terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O desafio do temporal (2016)


Eu sou perfeitamente humano: tenho todos os defeitos do mundo.
ando em círculos, paro, recuo e avanço:
o trajeto dos meus passos não revela para onde vou
mas apesar das pedras do caminho, aprendi a caminhar.

Eu choro um pouco e sorrio um tanto,
ainda sonho... logo existo?
Não luto mais contra os moinhos,
pois já aprecio o giro de suas pás.

Não tenho medo da morte nem do amor
não auguro ser apresentado formalmente
a nenhum destes dois cavalheiros.

De todas as certezas que eu tinha, permanecem as incertezas
De tudo que conheci, interessa o inédito.
De todos os romances vividos, me apraz o que ainda não conheci.

Desprezo a casca, desejo o sumo.
Não importa o rótulo, a embalagem, a etiqueta
preciso deste balsamo, deste elixir, deste veneno.

Quero sorver o conteúdo desta garrafa desconhecida a largos goles.
Quero lamber a face da vida, com a volúpia dos amantes
e sentir o mel de um beijo doce, com a delicadeza das abelhas.

Quero me despir dos antigos hábitos e vestir despojado o manto da novidade.
Quero mudar periodicamente as datas importantes de minha vida.
Quero plantar girassóis em meu quintal e colher estrelas ao deitar.

E sorver a vida a longos haustos,
sentir o meu coração pulsar desenfreado,
estar aqui e acolá, hoje e agora, nesta vida e morte cotidiana.

Eu quero nascer de novo , pela primeira vez… uma vez mais…
Cheguei sem aviso, atrasado e faminto: - posso entrar? ...

esqueci as chaves!... trouxe comigo a pena... e o temporal...



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