sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sebastião do Rio



Saint Sebastian,  Lawrence OP / Flickr


Valei-nos, ó São Sebastião
padroeiro desta cidade sem par:
incrustada nas pedras,
desabrochada do sol,
florescida do mar...
tomada à força pelos péros
das mãos dos tupinambás
(mas quem, por acaso, não o faria?)

Valei-nos , ó São Sebastião
saúda a tua procissão
de fiéis servos circunstantes
em filas e comboios
retumbantes:
Algozes e arlequins,
colombinas e traficantes
remidos por uníssona oração
que não sabem entoar
(mas quem, por acaso, o sabe?)

Valei-nos, ó São Sebastião
olhai por toda esta choldra
que impregna de vida,
couro sovado a reboar:
nas praias, nos bares, na periferia
na casa de Rui Barbosa,
na baixada fluminense,
na lagoa, nos arcos, na baía
são todos bumbos a ecoar
sem saber ao certo, o compasso
(mas quem, por acaso, o sabe?)

Valei-nos, ó São Sebastião
nós que nunca fomos santos
nem tampouco somos pagãos:
namorados,
amantes,

passistas,
passantes,

turistas,
retirantes,
abrigados
exilados,
inocentes e culpados,
Velei-nos, ó santo
nós que somos puros e somos tantos:
o nosso único pecado
é não saber amar...(mas quem, por acaso, o sabe?)
 
º
º
º

Aproveitando o dia de São Sebastião, padroeiro desta cidade sem par.  Reedição de um dos meus preferidos. Para quem ainda não leu.

2 comentários:

Léa Martins disse...

Valei nos todos os santos de sua Bahia querida! eu não te falei que apareceria?
beijos

Flávio Antunes Soares disse...

Gostei do texto, há muita poeticidade nele.

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