quinta-feira, 27 de julho de 2006

O que cada dia traz

Ele acordou sobressaltado... tentou inutilmente discernir que horas eram... adivinhou que estava bastante atrasado. Na verdade, ele não tinha acordado de fato, somente seu corpo estava em pé, a caminho do banheiro. Todos os outros sentidos estavam dormentes.

Todos os rituais costumeiros da manhã, como o banho , o café, ele realizou como um autômato. – Preciso me decidir entre o dia e a noite! Ele pensou atordoado, enquanto saía trôpego, a caminho do trabalho. Na noite passada ele dormira apenas duas horas, devido às suas incursões cada vez maiores ao mundo digital e apesar de ter produzido satisfatoriamente (escreveu aos amigos, respondeu a consultas e agradeceu pareceres favoráveis sobre os seus textos, finalizou artigos e rabiscou alguns poemas), sentia um vazio imenso, agravado pelo cansaço. Estava infeliz.

A cada passo, crescia a impressão de que se piscasse os olhos, cairia inerte, de sono. O único alento era a carinhosa lembrança de uma doce amiga do passado (amizade daquelas que desmistifica a crença de que um homem e uma mulher não podem manter uma relação duradoura sem envolvimento sexual) que ele conseguira retomar contato, ironicamente graças a um dos meios digitais que ele mais execrava: o orkut!

Depois de meses de resistência , cedeu à pressão. Recebeu o convite digital, preencheu o perfil, e pronto! Estava dentro! – Já que é inevitável, então vou aproveitar o que há de bom nesta joça! Pensou, e movido pelo desejo de encontrar amigos queridos que ficaram perdidos no caminho ao longo dos anos, clicou em “pesquisar” e a descobriu, com certa facilidade.

Ela respondeu quase que instantaneamente, deixando-o muito feliz. Doze anos se passaram. Como haviam perdido o contato? Ele não lembrava! Suas fotos no álbum digital. Nossa, como a filha dela estava crescida, uma mulher feita!

Trocaram e-mails, números de telefones. Ela visitou o blog dele. Deixou comentário. Trocaram algumas informações que a natural curiosidade impelia. Amores? Casamentos? Separações? Filhos? Trabalho? Descobriu que ela trabalhava exatamente no mesmo bairro que ele. Mundo pequeno.

Subindo a rua do seu trabalho, passou pela editora pela qual sempre passava a caminho de seu escritório, sonhando que um dia publicaria alguma coisa sua, talvez nesta mesma editora. Chegando finalmente ao escritório, tomou mais uma xícara de café. Depois mais outra. Correu para o micro, abriu a sua caixa de entrada. Sim. Havia mais uma mensagem dela!

Ela respondera a mensagem enviada por ele na noite passada, estava feliz também por tê-lo reencontrado. Gostaria de vê-lo pessoalmente. Ah, sim! ficou curiosa pela coincidência deles trabalharem no mesmo bairro, contudo deveriam estar em pontos distantes, pois nunca se encontraram. E no meio da mensagem disparou: - Eu trabalho na Editora D’oro, você conhece???

Ele não sabia se sorria ou chorava. Estavam trabalhando na mesma rua há pelo menos cinco anos e nunca sequer se esbarraram! Destino, fatalidade ou desígnio divino, pensou, as coisas realmente só acontecem no seu próprio tempo! E logo naquela manhã de sol e desânimo , ele havia descoberto! Quem conseguirá predizer as surpresas que cada dia traz?

O telefone toca. É ela. Ele gagueja e tenta explicar o porquê de sua emoção. Ela também se emociona do outro lado da linha. E combinam um encontro para reatarem a amizade.

Pela janela, ele olha para o céu e sorri. Estava feliz e vivo, como há muito não se sentia.

12 comentários:

Anônimo disse...

E então, na sexta feira cedinho, ela entra no blog dele e se depara com esse texto lindo e chora!!! De alegria, de emoção e de satisfação em confirmar uma antiga teoria: O que é verdadeiro sobrevive ao tempo e à distância.
Amigo querido, certamente o sol que acalenta esse inverno é a prova de que o impossível pode acontecer. Feliz por vê-lo e por senti-lo perto.
Obrigada e um grande beijo.

Anônimo disse...

Querido Adão.

Ia perguntar o quanto há de verdade nesse texto. Mas aí, vejo o comentário da sua amiga e isso me responde a pergunta.
Entendi, enfim, que de verdadadeiro nesse blog, tem você.
Um menino que não sei direito quem é, mas que, por essência, tem um coração enorme.
Fico feliz em ter descoberto isso.

Adam Flehr disse...

Rossana e Lidiane,

Eu não acredito em nenhuma linha que vcs escreveram acima. Mas já voltei aqui umas cinco vezes para reler... rss. Por via das dúvidas, vou tirar umas cópias de seus comentários e distribuir aos meus cobradores, ex-esposas e falsos amigos... só para ver a reação.. rsss

Lidiane: somos dois. eu tbm não sei direito quem sou...

Beijos carinhosos,

Anônimo disse...

Faz melhor meu amigo. Nâo leve nossos textos não. Traga todos à nossa presença e afrimaremos o quanto vc é uma pessoa linda e que o tempo não danificou.
Como vê.. não foi apenas vc quem voltou 3 vezes pra reler, né?
To muito feliz em reencontrá-lo. Tanto que nem cabe num comentário de um blog.
Beijos

PS.: Lidiane.. se não o conhece direito, vale a pena tentar, viu? O que ele tem de mais lindo nele é a alma!

Beijosssssss

Anônimo disse...

Eita..

Relendo pela quarta vez... vi que escrevi tudo errado .. emoção!!!

Anônimo disse...

Nhé! Também voltei pra reler.
Tinha quase certeza que ia encontrar comentário pro meu comentário.

*risos*

;)

Beijo pra você, Rossana.
Outro grande pra você, Adão.

Tamara Queiroz disse...

São tantas emoções!

Lindo, muito belo... reencontros afáveis.

Anônimo disse...

eiiiii! Deixa eu dar meu depoimento também (risos). Vc seria 10 se não fosse + um pouco!!!

Parabéns aos amigos!

Bjos / LÉA

Anônimo disse...

eiiiii! Deixa eu dar meu depoimento também (risos). Vc seria 10 se não fosse + um pouco!!!

Parabéns aos amigos!

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Anônimo disse...

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