quinta-feira, 30 de março de 2006

Esta mulher do assento à frente

Sentada no assento à frente
do meu,
neste cinema,
nesta sala de espera,
nesta condução,
está uma mulher peculiar

Não é mesmo bela,
nem é feia
Não é assim jovem,
nem é idosa
Não é minha conhecida,
nem me é indiferente
esta mulher do assento à frente

De perfil eu posso observar
seu queixo pontudo e saliente,
seu nariz adunco e angular

Seus cabelos são de qualquer cor
exceto daquela que, exatamente
ela permite mostrar

Frenético o trabalho de seus lábios
insistentes a abrir e fechar...
Do que tanto fala à sua companheira
ao lado, assim, sem parar...
Será que ela maldiz, fere ou mente,
esta mulher do assento à frente?

Proferiria, leviana, o infortúnio de seus
conhecidos, de desconhecidos, o meu?
Falaria da vida íntima de sua família,
de seus amigos e parentes?
distribuiria maledicências aos quatro
cantos, até quando não mais agüentar?

Ou pelo contrário, estaria ensinando à amiga,
uma receita de sobremesa, de simpatia
ou de chá...
Ensinaria lições de vida, reconfortando,
aconselhando a esquecer o abalo e
seguir em frente?

Pois que uma voz inaudita se aproxima e
proclama: querido... são as aparências que mentem!

Estaria então, diametralmente enganado
e viria de mim o mal
que vi refletido como espelho
nos lábios inocentes
desta mulher do assento à frente...

2 comentários:

Anônimo disse...

Que delícia de texto.
Ele tem melodia.
Bom de ler.
Quase uma prosa em poesia.

Anônimo disse...

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