O azul que encantou o astronauta nos espanta
e o poeta vai de branco pela rua cinzenta
Enquanto o céu cobre de vermelho o leito do céu
o monstro de olhos verdes não mais assusta
Vão-se as esperanças, ficam as incertezas
e a lâmina cega da realidade rente aos olhos
os anos escorreram pelos dedos
com a liquidez da areia fina
como os cabelos impertinentes em sua cabeça
Duas, três, quatro décadas
resultam num inventário de sonhos e perdas
mas a caminho de casa os passos recordam
exatamente onde tropeçaram
Sete, oito horas ou mais
perdidas a cada dia no trabalho improfícuo
sacrifício tão necessário quanto aviltante
que o peso das pálpebras insiste em registrar.
Foram-se as festas, os amigos
foi-se a esperança , o amor
os dedos urdem o fio do dia com a textura do aço
e os relógios, estes odiosos companheiros,
desdenham sutis de todo o movimento.
Foram-se os projetos, os croquis
foi-se a pena, o papel
Apenas o vermelho sanguíneo pulsando em artérias roxas
e o castanho dos olhos procurando pelo arco-íris
no celeste azul,
tentando adivinhar
as cores de seu destino
ou o enigma de sua vida
impressos dentro de si, prestes a explodir,
com a imprecisão de uma estrela.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2006
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5 comentários:
Adão,
tenho que voltar aqui mais vezes, com mais tempo. Teus versos, inspirantes, me puxam...
Redondos, gostosos, nossa língua dança quando os lemos.
Abraços, flores, estrelas...
meu comentário não saiu...
Mas eu dizia que teus versos são inspirantes. Volto mais tarde para ver se saiu o que escrevi.
Minha língua dança quando subvocalizo teus poemas!
Parabéns!
Testando visualização de comentários...
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